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A TRÊS - Parte II

A TRÊS - Parte I Passados uns 2/ 3 meses de estarmos repetitivamente juntos e, na tentativa de perceber a relação que mantínhamos, confrontei-o com o tema da existente namorada.            Viviam juntos e partilhavam uma vida de casal juntos. Nesta conversa, fiquei ciente de que não existiu momento algum, anterior a mim, que tivesse motivado a procura de conforto fora da relação e que, durante esses meses que passámos juntos, nada na vida deles mudara. Quis achar que a relação deles tinha os dias contados; quis acreditar que ele se estava a desmarcar desta (não da melhor forma) mas que a ascensão da nossa afinidade resultava em detrimento da que mantinham. Se assim não fosse, que outra razão o levaria a fazer mais do que “Bragança a Lisboa” para me ver? Se não era por mim ou por nós, seria o excitamento? O segredo? A omissão? A vida dupla? Nunca lhe tinha pedido para a deixar, nem lhe desejaria esse mal, contudo, se nunca lhe pedi foi porque, como altruísta que

A TRÊS - Parte I

“ - A verdade é que eu estou numa relação confortável” - dizia-me ele, referindo-se a uma relação que não a nossa, quando a única verdade é que, ainda assim, ali estávamos os dois, deitados sobre a minha, confortável, cama. De facto, no que diz respeito a “estas” verdades, parece sempre mais fácil partilhá-las com quem não partilhamos uma relação emocional. Até parece uma daquelas frases feitas e seria bonita, não estivesse ele a mentir a outro alguém. Omitir, perdão! Para ele, ele está SÓ a omitir (o que torna tudo mais desculpável). Como é que uma, suposta,  one night stand  podia ter atingido tal dimensão? Era eu cúmplice deste erro? Ainda que  ele nunca se tenha referido à nossa relação como um erro, eu vou ser sempre uma mentira (omissão, como preferirem) na relação que mantêm, mesmo no dia em que este  affair  terminar. Para ele, nós não passamos de uma “pequena omissão”.  Para mim, ele tem uma relação a três : uma comigo, outra com ela. A diferença entre est

O (Des)Encontro

Ontem vi-te, cinco anos depois.  Passaram cinco anos, é verdade.  Apesar da saudade se tornar cada vez mais insuportável e talvez por ter tão presente todos os momentos que passámos juntos “ontem”, parece que não fomos vítimas do tempo.  Ao contrário de ti que acreditas que o tempo não resolve nenhuma situação por nós (simplesmente a retira do foco principal), eu, por achar que “o tempo cura tudo”, pus nas mãos dele o nosso destino e, nas do espaço coloquei o nosso encontro. Todavia, a cidade que descrevias como um T0 não o facilitou .  Inúmeras vezes especulei sobre o nosso reencontro. Se sentiria alguma coisa ou o que seria mais expectável: sentir algo ou coisa nenhuma. Mas ontem, o espaço e o tempo colocaram-nos no mesmo espaço ao mesmo tempo. Ontem, passados 5 anos. Estavas num ponto de cota elevada, eu estava um pouco mais atrás, no final da rua por onde caminhavas ou talvez início, pois caminhavas de costas para mim. Apesar de ser complicado descr

Valeu

Perguntei-lhe se val(er)ia a pena. Ele citou-me Pessoa: "Tudo vale a pena." A mim, faltava-me agora saber o tamanho da minha alma Ou, talvez, "quantas almas tenho"

Ajuste de contas

O zero não adiciona nem subtrai O  zero  torna zero tudo o que multiplica O  zero  não conhece a divisão O  zero  vale nada O  zero  cansou-se de estar à esquerda E à direita ganhou valor O  zero  também é um número E tornou-se inteiro O  zero  começou do zero

Home'nimal

      Antes de mais, a minha boa educação obriga-me a dizer-te “Olá!” e, ainda que, não faças ideia da minha existência nem queiras, de todo, conhecer-me, eu sou sujeito , ainda que passivo, na tua vida.      Sou dotada de um nome, tenho forma física e uma forma de estar na vida que só me permite estar bem comigo quando sei que agi da melhor forma que podia com os outros.      Poderás dizer que, somos em tudo (descrito até agora) semelhantes e como seres humanos somos, efectivamente, semelhantes.      Como seres humanos, diferenciamo-nos dos animais, pois somos seres racionais. Somos dotados de um cérebro, cérebro este que levou Descartes a dizer: “penso, logo existo” .      É certo que eu, talvez mais que os homens (sexo masculino), penso. Penso imenso. E por pensar sobre situações que tento esquecer, percebi que para esquecer, tenho de te descrever algo que tu nunca pensaste que poderia ocorrer. Afinal, o esquecimento é condição da memória.       Somos seres racionais (dizem)

A Bebedeira

     Ontem, como era de esperar, voltámos de novo, ao nosso bar de eleição. Voltámos de novo à mesma mesa rodeada de amigos, onde a única rivalidade que existe é entre os fieis à sagres e os leais à super bock.      Lá estávamos nós rodeados das pessoas a quem confidenciamos a nossa vida e que sabem que entre nós a intimidade é diferente mas que nunca, em conversa alguma, é trazida para esta mesa qualquer tipo de brincadeira relacionada com a relação que temos (ou não temos) fora desta mesa.      Parecias feliz e por não saber se seria o facto de te ver feliz, ou o de estares acompanhado, ou o de eu estar sozinha, ou se, realmente e finalmente teria percebido que tinha saudades tuas, resolvi abstrair-me da situação e não revelar o que de facto era verdade: mexeu comigo.      Aqui, entre o rodopio de pedir mais cervejas e de levar daqui para fora as garrafas vazias; entre infindas gargalhas e tantos cigarros; nós cruzamos olhares que desviamos segundos depois, nós engasgamo-nos aq